Caio F. Abreu
Dói.
Dói. Se me perguntarem o que acontece, só saberei responder isso: dói. Se me perguntarem onde é a dor, ainda assim só responderei: dói. Tudo tem a ver com aquele grito reprimido, aquele sonho escondido, aquele choro nem sempre contido: dói. Aquela vontade de cortar a garganta para não poder gritar. Aquela vontade de arrancar os olhos só pra não poder ver. Aquela vontade de esmagar o coração só para não poder sentir. Mesmo com todas essas coisas incapacitadas ainda assim doeria. Porque não está na garganta, nos olhos, no coração. Está em toda parte, é como um câncer, e não tem quimioterapia, não remédio, não tem nada que consiga remediar a dor da perda. Como é triste lembrar do bonito que algo ou alguém foram quando esse bonito começa a se deteriorar irremediavelmente. Pequena dor. Grande chaga. Puro simulacro.
Caio F. Abreu
Caio F. Abreu
Vazio.
Eles.
Todos esses que aí estão,
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Mario Quintana)
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Mario Quintana)
Asas Maiores.

C. F. A
Foda-se
Escuta aqui, cara, minha dor não me importa. Estou cagando montes pras minhas memórias, pras minhas duvidas, pras minhas saudades. As pessoas estão enlouquecendo, sendo presas, indo para o exílio, morrendo de overdose e eu fico aqui pelos cantos choramingando o meu amor perdido? Foda-se o meu amor perdido. Foda-se esse rei-ego absoluto. Foda-se a minha dor pessoal, esse meu ovo mesquinho e fechado. Ninguém morre de amor. Se é que posso chamar o que sinto de amor.
Caio F.
Oco.

- Adaptação de Tati Bernardi.
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