Meu Relogio.


Vai ficar tudo bem amanhã, você disse antes de ir. Quanto tempo falta para amanhã? Eu perguntei. Você não respondeu. A pergunta ficou ecoando na sala vazia. Adiantei então os ponteiros do relógio esperando que o tempo lá fora me obedecesse. Mas o tempo parecia me ignorar. Alheio a minha dor. Tomei alguns remédios para conseguir dormir para que o amanhã chegasse mais rápido. Acordei com a sensação, entretanto, de estar acordando no mesmo dia. Meu relógio biológico e o relógio do meu criado-mudo nunca mais se entenderam desde então. E durante os quatro anos seguintes eu acordei sempre no mesmo dia. Foi preciso que quatro anos se passassem para que meu amanhã finalmente pudesse chegar. Mas uma hora ele sempre chega. O meu chegou. E foi recebido com um sorriso cheio de poeira no rosto e um abraço cansado de tanto esperar aberto. Mas como desculpa pela demora, ele trouxe meu coração de volta. E eu então pude voltar a me amar.

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