Cartas de Caio Fernando Abreu reunidas em livro por Paula Dip. Recomendo!

Um bilhete enviado por um avião de papel. Foi assim que começou a amizade do escritor Caio Fernando Abreu com a jornalista Paula Dip. E, das cartas trocadas nos dois últimos anos de vida do escritor, surge "Para Sempre Teu, Caio F.", livro que Paula lançou á pouquissimo tempo. Homossexual assumido, Caio se descobriu soropositivo em 1994, morrendo dois anos depois. Entre as cartas que trocaram, Paula encontrou, além de uma biografia, o retrato de uma época. "Eu voltei àquelas cartas e acabei voltando às pessoas que citávamos nelas, montando um painel dos anos 80. Eu não quis contar só a história dele, quis trazer para as pessoas aquele momento, as questões da luta feminista, a dificuldade para quem saía do armário. Eu quis fazer mais que uma biografia", explica. Paula, que já foi personagem e homenageada pelo autor, conta que Caio tornou-se um escritor muito querido pelos jovens. "As pessoas me procuravam para falar sobre ele. Então me senti meio obrigada a falar do Caio para quem não o conheceu", conta. Segundo ela, nos últimos dois anos de vida, o escritor foi uma voz que tomou partido em defesa dos portadores do HIV. "Ele começou uma cruzada para defender as pessoas que tinham a doença e eram abandonadas pela família - algo muito comum naquela época - e contra falta de remédios nos hospitais. Ele fez parte dessa conscientização", acredita. Caio Fernando Abreu nunca escondeu sua homossexualidade, mas evitava a militância antes de se descobrir soropositivo. "Como escritor, ele gostava de colocar a questão na literatura. Ele achava que prestaria um serviço maior à causa se seu texto não fosse rotulado, não se tornasse restrito", concluiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário