És tu.

Sim, sinto uns batimentos estranhos, aqui, bem dentro de mim. Não sei se de uma arritmia se trata. Não sei. Antes soubesse. Antes soubesse que quem bate cá por dentro és tu. (És tu?) Que não é o coração, que não é o desespero do estômago vazio, que não é a tensão arterial ao rubro. Mas a que porta me estão a bater? Na porta da razão, não! Nessa não, por favor. Tranquem-na! Tranquem-na a sete chaves! Que o cão de duas cabeças lhe faça guarda! Na porta do sentir? Talvez... Pode ser... Recebo sempre tantas visitas por aí! Na porta do coração? Não creio... Essa está permanentemente aberta. Alguém roubou a chave de uma porta sem fechadura, sem porta, sem chave. (Perceberam?) Na realidade, o coração não tem portas, não tem entradas, nem saídas institucionais. Muito menos de emergência. É o salve-se quem puder... Tem brechas, tem falhas, tem rupturas. E os habilidosos sabem! E como sabem! (E como o sabes, não é?) E eu pergunto-me, se este estremecimento que sinto, é o bater das portas arrombadas do meu ser, ao sabor do sentido proibido, ou se me estão a fechar as rupturas, a tapar as brechas... Do coração. (Chamaram a construção civil, e nada disseram?) Se me reparem as falhas destas minhas finas paredes... Só me resta colocar um letreiro a dizer: usado, mas nunca o suficiente como hoje!

Eis um ultimo fato: Tragam martelos, pregos e berbequins... Não gosto nada de paredes uniformes, por muito finas e frágeis que sejam ou pareçam. Se é para romper, quero que rache bem até ao fundo!

Mas voltando ao início, diz-me: és tu ou não, que me bates cá dentro?
Sim, és tu, és único e surpreendente.
És tu.

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