Kancho: A arte milenar japonesa de enfiar o dedo.

Sou mestiço. Metade brasileiro, metade japonês. Quer dizer, de japonês só tenho os olhos um tanto puxados mesmo. Não muito mais que isso. Aliás, devem existir, sim, outros traços genéticos herdados dos meus antepassados nipônicos, mas não sei dizer quais. O que posso dizer, e com uma certeza serena, é que tais traços genéticos se limitam para alegria da populacao à minha cintura, e só. Na parte de cima, ok, sou japinha. Entretanto, da cintura pra baixo: obrigado, tenho orgulho de ser brasileiro.

Há também outras coisas japonesas que, acredito eu, estão devidamente enraizadas no meu DNA. O amor por japonesas, por exemplo, é um. A perversão, outra. Ah, e não posso esquecer, claro, do meu fator playmobil. Agora, culturalmente falando, de japonês não tenho praticamente nada. Deveria ter. Há coisas na cultura japonesa que me seriam, sim, muito boas. A disciplina é um bom exemplo. No entanto, por outro lado, é até bom que alguns traços culturais tenham se perdido no tempo, como o Kancho.

Kancho é a arte de dedar os outros. Não, não estou falando de fofocas, estou falando de sentar o dedo onde não é chamado, ou melhor, onde o sol não bate. Sim, é vulgar mesmo, eu sei, mas é dura e dolorida verdade. E é cultural. O que é estranho é que os japoneses realmente devem adorar o Kancho (ui).
No Japão é costume entre alunos enfiar os dedos nos serelepes professores (os quais, devido ao Kancho, acabam ficando saltitantes também). É uma arte. E, o que é pior (ou melhor, se você for um rapaz alegre demais), os jovens japoneses gostam disso. E acham engraçado.

Lá no Japão, o Kancho é aplicado nas pessoas preferencialmente desprevinidas, homens ou mulheres. E são dedadas sem igual, por sinal, já que virou tradição. Tanto é que há até técnicas para posicionar os dedos e acertar o devido lugar — naquele lugar.

O Kancho, porém, em sua maioria, é algo feito entre amigos, entre pessoas íntimas. Por isso, cá entre nós, você deveria agradecer agora mesmo por eu não ser praticante do Kancho. Afinal, não cairia bem dizer que é meu amigo.

Fonte: Saber é bom demais.

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